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Foto do escritorJosé Estevão Cocco

"Estou aqui para ajudar. Do que você precisa para ser um campeão?"


"Estou aqui para ajudar. Do que você precisa para ser um campeão?"

A maior paixão de um bem-sucedido empresário do setor financeiro é o esporte em todas as suas modalidades. É evidente que estou falando de Antonio Carlos de Almeida Braga. Ninguém gosta tanto de esportes como o Braguinha. Pode até gostar igual, mas, mais do que ele nunca. Aos 82 anos de idade, ele nada todos os dias e o jogo de golfe diário no Brasil, em Portugal ou nas Bahamas mantêm seu entusiasmo inabalável pelas conquistas brasileiras nas pistas, quadras, campos, piscinas e gramados. O Braguinha é um dos principais personagens, se não for o principal, que deram início ao marketing esportivo no Brasil. Ele é um dos grandes responsáveis pelo "boom" do voleibol da década de 1980. Por isso, quero compartilhar com você, nesta coluna, um pouco do Braguinha que eu conheci nesta fase de entrevistas para o meu livro "Vôlei Brasil - História dos Vencedores Sob o Foco do Marketing Esportivo", que tem como pano de fundo o Grande Desafio de Vôlei Brasil X URSS, realizado em 1983, com mais de 95 mil espectadores. É claro que lá também estava o Braguinha.

Sempre presente nos principais camarotes de todas as modalidades, desde o britânico cricket até o badalado Circo da Fórmula 1, o Braguinha ainda hoje incentiva seus amigos empresários a patrocinarem atletas que seu olho clínico aponta como prováveis freqüentadores de pódios. O mecenas do esporte verde-e-amarelo está sempre alerta, observando performances e procurando saber do que um atleta está precisando.

Num certo domingo, da década de 1970, Braguinha resolveu ir até a modesta casa do piloto de carreira promissora. Tocou a campainha e, quando o piloto abriu a porta, o bem-sucedido banqueiro disse "estou aqui para te ajudar. Do que você precisa?" Hoje, Braguinha ainda é muito amigo do bicampeão da Fórmula 1, campeão da CART (Fórmula Indy) e bicampeão das 500 milhas de Indianápolis, Émerson Fittipaldi. A mesma amizade que também tinha com Ayrton Senna, a quem só não ajudou mais porque já patrocinava o piloto Maurício Gugelmin.

Quando resolveu patrocinar o Émerson Fittipaldi, o Braguinha foi chamado de maluco e ficou muito tempo sem aplicar sua marca no uniforme e no carro. Afinal, a Seguradora Atlântica Boavista não tinha nada a ver com automobilismo. Será que não? Pouco tempo depois, Émerson Fittipaldi aparecia, com sucesso, em comerciais da seguradora dando dicas de segurança no trânsito. "Hoje, a seguradora alemã, Allienz, por exemplo, patrocina diversas modalidades esportivas e ninguém diz que eles são malucos", brinca Braguinha.

Desde Munique, em 1972, Braguinha se faz presente também em todos os Jogos Olímpicos, tanto nos de verão como nos de inverno. Há mais de trinta anos, ele tem camarote cativo no Torneio de Tênis Roland Garros (Aberto da França), realizado em Paris. Antes de se aposentar, suas férias eram inteiramente dedicadas aos principais eventos esportivos do mundo. Hoje, essa paixão aumentou muito mais. O grande ídolo e responsável pela popularização do tênis no Brasil, Gustavo Kuerten, também caiu nas graças do Braguinha, que o tem também como grande amigo. Tudo isso, deu ao Braguinha uma enorme bagagem também na área de marketing esportivo. "Eu não inventei nada porque isso é muito difícil. Eu, mais ou menos, copiei o que os americanos já faziam há muito tempo". No começo, os patrocínios do Braguinha ao esporte não receberam apoio. A própria Rede Globo, do seu grande amigo Roberto Marinho, colocava uma tarja preta sobre a marca da seguradora que patrocinava diversas modalidades do Esporte Clube Fluminense.

"Foi aí que eu resolvi montar meu próprio time de voleibol e colocar o nome da própria companhia, inclusive com a marca na camisa. Assim, a imprensa foi obrigada a falar que o Atlântica Boavista jogou contra tal time. Seria ridículo chamar o meu time de "xis". Houve uma certa reação por parte dos clubes mas, com a brilhante atuação do meu amigo Carlos Arthur Nuzman, junto a Conselho Nacional de Desportos, foi possível colocar patrocínios e todas as camisas de times."

Nos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, Braguinha assistiu ao lado do Nuzman, então presidente da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), aos jogos da seleção brasileira de vôlei masculino, que se classificou em quinto lugar. "No final do último jogo, eu falei para o Nuzman que o nosso time tinha muito potencial para conquistar medalhas. Então, perguntei a ele do que ele precisava para sermos campeões", lembra Braguinha. Mal sabia ele que estava dando início ao chamado "boom" do voleibol brasileiro. "Se fosse preciso fazer tudo de novo, eu faria. Com exceção de uma pessoa, que não vou citar o nome, todo esse pessoal que eu ajudei não me decepcionou e eu tenho guardado no meu coração", confessa Braguinha, que nunca pensou duas vezes ao premiar o desempenho de um atleta com cheques, automóveis e outras formas de incentivos. Todos que o conhecem e convivem com ele são unânimes: Braguinha é um verdadeiro mecenas do nosso esporte. E um grande exemplo de utilização do marketing esportivo de forma a estimular e premiar os atletas, as modalidades, a comunidade e os patrocinadores.

José Estevão Cocco

Com texto de entrevista de Edison Tadayuki.


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