Numa Conferência Municipal de Esportes, na cidade de São Paulo, tive a oportunidade de coordenar o Eixo IV, Financiamento.
Sob a rubrica Financiamento, estão todas as necessidades de financiamento das atividades esportivas, de lazer e recreação da população.
Foi um debate com a participação de cerca de oitenta pessoas, todas militantes no esporte em entidades públicas e privadas.
De certo modo, entendo que foi produtivo, resultando em sete proposições para a etapa estadual da referida Conferência.
Digo de “certo modo” porque os debates foram sempre no sentido de como obter mais verbas governamentais ou subsídios fiscais. Particularmente não sou favorável ao incentivo fiscal puro e simples. Apenas aumenta a ineficiência no uso do dinheiro público ou social. Normalmente utilizado em viagens de dirigentes e alguns atletas privilegiados.
Mas o que mais me chamou a atenção foi a consciência que as Federações têm sobre o financiamento público do esporte.
A conclusão, já por demais difundida, foi o consenso de que os Governos de forma geral, não estimulam o esporte na base. No desenvolvimento. Sem falar na inclusão social.
Isso em qualquer esporte. Até, e principalmente, no Automobilismo.
O que mais as Federações se ressentem é da falta de estrutura operacional a que estão relegadas.
As verbas que saem dos Ministérios e Secretarias de Esportes, raramente chegam às Federações. E quando chegam, são ínfimas e destinadas a prover as seleções estaduais ou competições nacionais e internacionais por ventura realizadas no seu estado.
Para os clubes, então, praticamente nunca chega nada. E são eles que, ainda, têm que sustentar as Federações.
Esse estado de coisas é que levou grande número de Federações estaduais a existirem apenas para fins eleitoreiros das Confederações. Existem Federações estaduais que nem campeonatos estaduais promovem. A sede fica no escritório do Presidente. Mas que tem o mesmo peso de voto de uma Federação importante.
Mas, o grande número de Federações ativas e atuantes sobrevive de teimosia. Sem a mínima estrutura para conseguir o insubstituível financiamento.
Quando se fala em Marketing Esportivo para essas Federações, através do qual se encontra a solução para os infindáveis problemas de financiamento, a queixa geral é de que elas não têm qualquer possibilidade de contratar um profissional do setor para assessoramento e, muito menos, contar com Agências de Marketing Esportivo que, segundo elas “só se interessam pelos esportes que dão faturamento”. Concordo, é a lei do mercado. Mas se elas não tiverem apoio suficiente para tornarem seus esportes também em esportes que “dão faturamento”, nunca chegarão a lugar nenhum.
Um esporte para “dar faturamento” precisa, antes de tudo, ser um esporte com visibilidade, com milhares de praticantes e com credibilidade esportiva e comercial.
Ter visibilidade não quer dizer, obrigatoriamente, ser massivo. Os pequenos supermercados, em grande número no Brasil, vivem como lojas de conveniência especializadas e têm sua clientela cativa.
Eles não concorrem diretamente com os grandes hiper e supermercados. Encontraram seus nichos de atuação e têm tido muito sucesso.
Os esportes e as Federações, também, precisam encontrar esses nichos de mercado. Não adianta somente se lamentar que o futebol é isso, que o futebol é aquilo...
O vôlei nasceu do nada. A ginástica olímpica está crescendo. O Surf e os radicais também. Souberam aproveitar um segmento, planejando, construindo um bom produto e, assim, conquistando visibilidade, patrocínios e respeitabilidade junto aos órgãos governamentais.
Quando sugeri que as Federações deveriam se organizar para terem uma instituição que lhes prestasse assessoria em Marketing Esportivo, Planejamento, Imprensa, Gestão e Relacionamento com o Mercado, elas reagiram com otimismo e apoio.
Dessa forma elas estariam aptas a identificar as formas de financiamento, diversificar e redimensionar as fontes para além dos recursos públicos.
A ABRAESPORTES – Academia Brasileira de Marketing Esportivo e Social está trabalhando incessantemente nesse sentido.
José Estevão Cocco